LONDRES - A melhora do mercado de trabalho nos Estados Unidos mostrou tanto vigor que embaralhou a relação dos investidores com os ativos de risco. Os números positivos do payroll trouxeram a possibilidade de alta dos juros antes do esperado, fator que alteraria o ambiente de liquidez farta e busca por rentabilidade mais elevada.
A postura neste início de semana no exterior é vender ações
, commodities e moedas europeias, buscando refúgio no dólar, que segue avançando forte na comparação com o euro e a libra. Na Europa, as bolsas caem perto de 1%, refletindo o nervosismo trazido pelo payroll. As bolsas de Londres (-0,97%), Paris (-0,72%) e Frankfurt (-0,95%) recuavam, às 7h30 (de Brasília).
O euro (-0,45%, a US$ 1,4793) e a libra (-0,65%, a US$ 1,6368) registravam desvalorizações acentuadas. No mesmo horário, o petróleo (-0,83%, a US$ 74,84) e o ouro para fevereiro (-2,30%, a US$ 1.142,6) caíam nos mercados futuros.
Apesar do tom sempre cauteloso dos analistas, não necessariamente convencidos de uma retomada tão forte, os mercados foram sensibilizados e agora buscam todas as pistas possíveis para os próximos passos do Federal Reserve. É por isso que todo mundo vai parar para ouvir atentamente o discurso de Ben Bernanke nesta segunda-feira, 7, no Clube Econômico de Washington, a partir das 15h45 (de Brasília).
O corte de apenas 11 mil vagas em novembro nos Estados Unidos causou verdadeiro choque na sexta-feira. O número veio muito melhor do que o consenso, que apontava para eliminação de 125 mil postos. O desemprego caiu de 10,2% para 10%. Se a notícia é excelente para a maior economia do mundo, que se recupera de um ano de recessão, traz alertas para os investidores com maior apetite ao risco e aos emergentes.
Depois de um intenso rali neste ano, movido a dinheiro barato na praça, os mercados tendem a reagir mal toda vez que um indicador vier muito melhor do que o esperado. Apesar da aparente contradição, o movimento só evidencia que a liquidez artificial criada pelos bancos centrais está por trás da busca por retornos mais atrativos, e não necessariamente os fundamentos.
Entre os analistas, prevalece o sentimento de São Tomé: eles querem mais números para realmente concluir que o payroll está ancorado em dados sólidos de retomada mais firme do que a esperada.
Ásia
As bolsas asiáticas não apresentaram sinal definido nesta segunda-feira. A queda nas commodities influenciou alguns mercados da região. Outros foram estimulados pelos ganhos em Wall Street, além de fatores locais. Não houve negociações na Tailândia por ser feriado.
A Bolsa de Hong Kong teve baixa pelo segundo pregão seguido, influenciada pelas empresas de commodities após o preço do ouro desabar. O Hang Seng caiu 173,19 pontos, ou 0,8%, e terminou aos 22.324,96 pontos.
As Bolsas da China fecharam na maior alta em duas semanas, lideradas pelas ações de produtores de alimentos e bebidas e também por imobiliárias, após o governo informar que irá priorizar a demanda doméstica e a urbanização em 2010. O Xangai Composto subiu 0,5% e encerrou aos 3.331,90 pontos, a melhor pontuação desde 23 de novembro. Já o Shenzhen Composto ganhou 1,4% e terminou aos 1.234,24 pontos.
A valorização do dólar nos mercados internacionais fez o yuan apresentar baixa em relação à moeda norte-americana. No mercado de balcão, o dólar fechou a 6,8291 yuans, acima do fechamento de sexta-feira, que foi de 6,8270 yuans.
Já a Bolsa de Taipé, em Taiwan, teve expressiva alta, após as eleições municipais de sábado não apresentarem grandes surpresas. O Taiwan Weighted subiu 1,6% e encerrou aos 7.775,64 pontos, o maior fechamento desde 16 de novembro.
Por sua vez, o mercado australiano foi afetado pelo temor de um aperto antecipado na política monetária americana, com muitos setores ficando sob pressão depois dos dados do desemprego divulgados na sexta-feira nos EUA, mais fortes do que o esperado. Já a bolsa de Manila, nas Filipinas, também fechou em queda. O índice PSEi recuou 0,5%, para 3.046,63 pontos. As informações são da Dow Jones.
Fonte: Estadão
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