Depois de quatro trimestres consecutivos de contração, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos voltou a crescer no terceiro trimestre, entre junho e setembro, a uma taxa anualizada de 3,5%. Esse crescimento, anunciado ontem pelo Departamento do Comércio americano, ainda sujeito a revisões, superou as estimativas dos economistas.
O consumo doméstico, os gastos governamentais e o aumento das exportações foram os principais responsáveis pela elevação.
"Os números anunciados hoje (ontem) indicam que as decisões tomadas por este governo para recuperar a economia do abismo foram corretas. Estamos na direção certa e, apesar de ainda haver muitos americanos sem trabalho, sem as ações dos primeiros dias desta administração os problemas sentidos pelas famílias atualmente seriam muito piores", afirmou o secretário do Comércio, Gary Locke, em comunicado oficial.
Christina Homer, do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, acrescentou que o aumento do PIB "é um impressionante contraste com a redução de 6,4% apenas dois trimestres atrás".
O mercado financeiro também reagiu positivamente ao resultado. O Índice Dow Jones, da Bolsa de Valores de Nova York, que esteve em queda durante toda a semana, teve alta de 2%, voltando a se aproximar dos 10 mil pontos. A Bolsa de Valores de São Paulo subiu 5,91%, recuperando parte das perdas de 7,5% que foram registradas nos dois últimos dias. Foi a maior alta na Bovespa desde o dia 4 de maio.
Apesar de o anúncio oficial do fim da recessão apenas ser dado pelo Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, que ainda prefere manter a cautela, muitos investidores asseguram que a fase ruim da economia, considerada a mais profunda desde a Grande Depressão dos anos 1930, já foi superada e a taxa de crescimento de ontem equivale à média da elevação do PIB nos últimos 80 anos.
O índice superou a previsão de levantamentos distintos feito com economistas pelas agências de notícias Bloomberg e Reuters.
"Os dados indicam que teremos um PIB positivo por pelo menos dois ou três trimestres. Não vejo muita chance para números negativos por pelo menos um ano", disse o diretor de Investimentos do fundo Haverford Trust Company.
Outros analistas questionavam se o aumento do PIB será apenas momentâneo ou terá consistência no próximo trimestres, argumentando que grande parte do crescimento do consumo foi decorrência do programa de estímulo do governo. Nos próximos trimestres, a administração de Barack Obama não gastará tanto quanto agora.
O plano de incentivo para troca de carros velhos alavancou o consumo, mas já está encerrado. O consumo de bens duráveis cresceu 22,3% no terceiro trimestre, depois do declínio de 5,6% no segundo. Não será simples repetir a bom desempenho sem a ajuda governamental, disseram economistas, ontem, após o anúncio do PIB.
"A perspectiva indica que o cenário melhorou. A questão é sobre o quão sustentável será", disse Jan Hatzius, economista-chefe do Banco Goldman Sachs, um dos mais bem-sucedidos nos Estados Unidos depois da crise, em declaração ao jornal The New York Times.
Outros economistas acrescentam que a base para a elevação do PIB era muito baixa, depois de seguidos recuos. Além disso, a taxa de crescimento do terceiro trimestre não é suficiente para colocar a economia de volta aos níveis pré-crise.
Um dos obstáculos para o governo, apesar da retomada do crescimento, é o elevado índice de desemprego, hoje em 9,8%, que pode ultrapassar os dois dígitos no próximo mês. Economistas advertem ainda que esse número não é superior porque muitas pessoas desistiram de procurar emprego recentemente, saindo da população economicamente ativa.
O cenário ainda é mais sombrio para os jovens, especialmente em Estados como a Califórnia e Michigan, mais afetados pela crise. O desemprego elevado deixa as pessoas menos propensas a consumir, pois os consumidores tendem a economizar, com medo de também serem excluídos do mercado de trabalho.
O Departamento do Comércio anunciou ainda o recuo de 0,5% na renda disponível dos americanos no terceiro trimestre, com base no valor do dólar atual, depois de uma elevação de 0,6% no período anterior. Os preços de bens e serviços aumentaram 1,6% no período, puxados pela energia elétrica. O petróleo voltou a fechar em alta ontem, de 3,24%, passando a ser cotado por US$ 79,97. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
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