sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Obama propõe medidas a bancos para evitar riscos

Ao completar um ano de governo e com a popularidade em baixa, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, propôs ontem medidas para restringir o tamanho e o objetivo das atividades dos grandes bancos americanos. As medidas proíbem bancos que detêm depósitos de correntistas de investir, negociar ou aconselhar fundos hedge e fundos de participações em empresas (private equity), além de vetá-los de fazer operações com o próprio dinheiro, chamadas de Tesouraria, para obter lucros em benefício próprio e não para seus clientes.

Obama chamou a proposta de “Regra de Volcker”, em homenagem a seu idealizador, o ex-presidente do Fed e atual conselheiro econômico da Casa Branca, Paul Volcker. “Não podemos esquecer que essa crise econômica começou como crise financeira, quando bancos e instituições financeiras assumiram riscos enormes na busca irresponsável por lucros rápidos e bônus maciços”, disse Obama.

A ideia é proibir bancos protegidos pelo governo de usarem seus recursos para fazer apostas arriscadas em papéis lastreados em hipotecas, derivativos e outros, evitando as operações que deram origem à crise de 2008. Se for adotada pelo Congresso, a medida obrigaria bancos como JP Morgan Chase e Bank of America (que absorveu a Merrill Lynch) a separarem suas operações.

Além disso, Obama propôs limites para o tamanho dos bancos, para evitar que a consolidação de instituições dê origem a “bancos grandes demais para quebrar”, cuja falência ameaça todo o sistema. Hoje existe apenas uma regra que limita o banco de varejo a deter no máximo 10% dos depósitos. Um alto funcionário da Casa Branca esclareceu, em teleconferência, que a ideia é atualizar esses limites. A medida está sendo vista como uma volta da Lei Glass Steagall, legislação adotada após a crise de 1929, que proibia bancos comerciais de agirem como bancos de investimentos, emitindo ações para empresas, ou apostando em derivativos.

A Glass Steagall, de 1933, foi derrubada em 1999, sob forte lobby de bancos como o Citibank, que queriam se transformar em “supermercados de investimentos”, concentrando operações de varejo e investimentos.

“Vários bancos registraram enormes lucros recentemente fazendo operações com o próprio dinheiro, apoiados na janela de redesconto do Fed e na garantia das contas correntes pelo Fdic - ou seja, lucraram com ajuda do contribuinte, em vez de usarem a ajuda do governo para voltarem a emprestar”, disse o funcionário da Casa Branca. Tanto essa medida como a “taxa de responsabilidade pela crise financeira”, anunciada na semana passada, têm objetivo de reduzir os incentivos para que os bancos aumentem sua alavancagem.

Os bancos criticaram duramente a proposta. “É uma medida populista de um presidente acuado; os bancos, mais uma vez, vão ter de se adaptar”, disse um trader de um grande banco em Nova York. As ações de grandes bancos despencaram diante do anúncio (ver ao lado). Mas bancos menores, que dependem menos de operações proprietárias, se mantiveram estáveis.

A proposta precisa passar pelo Congresso. Por enquanto, só a Câmara aprovou uma versão da Lei de Reforma Financeira, em junho. O Senado está negociando sua versão e depois as duas precisam ser fundidas. Obama quer que os legisladores incorporem as propostas, mas os republicanos já se mostraram contra. “Fico cada vez mais decidido a reformar o sistema cada vez que vejo os bancos voltando às velhas práticas e brigando contra a reforma”, disse Obama.

Fonte: Ultimo segundo

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